O dadaísmo, ao qual André Breton (19 de Fevereiro de 1896 — 28 de Setembro de 1966) estivera ligado estava a finar. A palavra "surrealismo" surgiria pela primeira vez em 1917, por Appolinaire, e em 1924, o poeta alemão Ivan Goll, radicado em Paris, criar uma revista intitulada Surréalisme. Tornou-se tornaram urgente clarificar o que Breton e o seu círculo de amigos entendia por "surrealismo". Escreveu o famoso Manifesto até porque entendeu que antes do seu grupo a palavra "surrealismo" não tivera fortuna. Ousou definir o movimento: "Automatismo psíquico puro, através do qual nos propomos exprimir, seja verbalmente, seja por escrito, seja de qualquer outro modo, o funcionamente real do pensamento. Ditame do pensamento, na ausência de todo o controlo exercido pela razão, fora de toda a preocupação estética ou moral." Eleva à categoria de "senadores" do movimento Aragon, Desnos, Éluard ou Péret e acrescenta, a título póstumo, Isidore Ducasse, que passou à posteridade como Conde de Lautréamont.
No seu Segundo Manifesto do Surrealismo (1929) tenta purgar o movimento de várias figuras, atacando, entre outros, Robert Desnos e Antonin Artaud. Censurava, por exemplo, a homossexualidade e o escrever como trabalho.
Dissidências e polémicas "internas" à parte, Breton ajudou a mudar o mundo com o Manifesto do Surrealismo. Em 1935, escreve: "Transformar o mundo, disse Marx, mudar a vida, disse Rimbaud. Estas duas frases têm para nós o mesmo sentido." Breton fez o que queria: efectivamente, mudou o mundo. Mas o que pensaria hoje, um anti-mercantilista radical, que acusou Artaud de escrever para ganhar dinheiro, se soubesse que o seu manuscrito tinha sido vendido por 1,917 milhões de euros?
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