100 de Sena (2)
"São mesmo da autoria de Jorge de Sena alguns dos textos de
amor e de erotismo mais completos da literatura em língua portuguesa, aspecto
que tem sido enfatizado por alguns leitores agudos, e que, de resto, o próprio
não se eximiu de sublinhar bastante cedo, prezando-se orgulhosamente “de ter
composto, bons ou maus, alguns dos poemas de amor mais rudemente sensuais” do
seu tempo. Mas a verdade é que, aquém ou além da pulsão erótica responsável por
poemas e versos admiráveis como “Conheço o sal da tua pele seca/ depois que
o estio se volveu inverno/ da carne repousada em suor nocturno”, há nesta
poesia a perseverante declaração de um amor que é de outra ordem, já que acolhe
todas as dimensões do humano, sempre alicerçado na firme convicção de que “só
os homens interessam”, como se pode ler num seu artigo dedicado a Rimbaud."
Joana Matos Frias, O Poeta em Sena
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