O ranço da superioridade de género do juiz do Tribunal da Relação do Porto, Neto de Moura, não foi além de uma mera “repreensão escrita” (e à rasca, por 8-7!), mas o mês da aplicação da sanção foi de azar: janeiro de 2019 já leva uma média superior de casos de mortes de mulheres por violência doméstica do que o ano de 2018, que, por sua vez, já havia superado a média de 2017. Mas há quem reflicta para lá do habitual "terrorismo" gerado pela discussão disto tudo.

"Estamos no início do ano e já vamos longe na contagem tétrica. ´Violência doméstica´ é uma expressão eufemística para designar os crimes cometido por uns facínoras indomesticáveis, que às vezes se matam depois de matarem a mulher, mas nunca se lembram de se matar primeiro. Este é um capítulo em que não queremos que não se estabeleça a igualdade entre os homens e as mulheres, não queremos que os cárceres, maioritariamente cheios de machos, à conta de todos os crimes e não apenas daqueles que são tipificados como maioritariamente masculinos, comecem também a encher-se de mulheres. Aqui, não há quotas a reclamar. Onde começa a ser necessário reclamar quotas, e nalguns casos elas começam a ser atendidas, é nas escolas, onde a população masculina se mostra cada vez mais debilitada e a população feminina está cada vez mais forte. Os homens na cadeia e nas posições subalternas, e as mulheres nas universidades e nos postos superiores: é para esta situação que tendemos."
António Guerreiro, in Público.
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