A Auto-photo Biografia (não autorizada) de Mário Viegas, feita (diz a lenda) em duas semanas e publicada em 1995, um ano antes da sua morte, ressurge sob a chancela da Tradisom, quando o ator e encenador cumpriria 75 anos. Todo ele escrito pelo próprio punho de Mário Viegas, tem como complemento sonoro 4 CD´s, dois deles compostos por gravações feitas em sua casa, totalmente inéditas e ainda uma feita pelo seu pai quando ele tinha apenas 9 anos. Os outros dois CD´s revelam-nos um café-concerto realizado em Fevereiro de 1986 no espaço Rez do Chão, no Porto, durante um fim de semana, gravações igualmente inéditas. Da obra apresentada em 1995, com 4 kg de peso bruto, foram impressos uns escassos 120 exemplares, que hoje, com sorte, são encontrados a 400/500 euros. A obra reúne recortes que, na sua grande maioria, se relacionam com a génese da vocação de Viegas, recortes de jornais com textos próprios e alheios, comentados à mão, fotografias, bandas desenhadas feitas na infância, cartazes de teatro, o diário de adolescência, as encenações, os momentos-chave da carreira, críticas que lhe foram dirigidas, enfim, uma galeria biográfica que, logo na primeira página, anuncia em registo de autoparódia: “Rir! Chorar! Denúncias! Teatradas! Poesia! Amor! Ódio! Ação! Mistério! Escândalo! Surpresas! Revelações sensacionais!! Segredos político-teatrais nunca divulgados!!! Mais de 200 páginas com textos e fotografias inéditas (...).” As fases da vida do Vegas estão lá: o Teatro Experimental de Cascais, com o qual faz a estreia profissional, o Teatro Universitário do Porto (cidade para onde vai estudar História), os recitais de poesia (a sua forma de “resistência”, “sempre debaixo do olho da PIDE”), a amizade com José Afonso, a importância de Vinícius de Moraes, as quatro semanas no Japão com o “Breve Sumário da História de Deus”, de Gil Vicente, a única foto de Mário Viegas vestido de cadete (em Mafra, 1971, no turno de castigo dos agitadores da Crise Académica de 1969). E várias páginas dedicadas ao ‘seu’ 25 de Abril. O tom privado, confessional, de algumas partes, aparece para o sacudir: “O Filipe La Féria, com o desgosto de ter acabado a companhia, meteu-se em copos, drogas… E arranjou um amigo, que acabou há uns anos de morrer de overdose de heroína. Deixou-lhe uma filha à porta, que ele adotou. Foi bonito. É pena, ‘aldrabão’ como se tornou, dizer nas entrevistas que é a filha dele, armado em pai de família. Ele até diz que tirou um curso em Londres de Teatro, onde esteve a lavar pratos, o que não é vergonha nenhuma... Eu fui para a Dinamarca, meses, sozinho, a ter relações sexuais com meia Copenhaga. Apaixonei-me por um turista japonês e vivemos 3 semanas de sonho, correndo a Dinamarca de bicicleta. Foi a paixão da minha vida. Aliás, eu perdi a virgindade homossexual no Japão, em Osaca, com um lindo moço.” O livro deixa para o fim a promessa (não cumprida) de um 2º volume com a revelação de mais escândalos e ajustes de contas pessoais: “Contarei como o deputado europeu do PCP, em 1987, me roubou 700 contos. Chama-se Honório Novo e é um dos maiores ladrões do norte. (...) Contarei como é que duas lésbicas iam matando o Juvenal. (...) Contarei como ando a ser ameaçado para não revelar a enorme corrupção que há no teatro.” Encerra avisando que aquilo que não está no livro, as grandes ausências, são para ser notadas.
(Edição de luxo em capa dura com 260 páginas e 4 CD´s.)
Livro em capa dura, de grande formato – 26 por 36 cm.
Tem 4 CD´s com gravações feitas em sua casa e num café-concerto no Porto.
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