sábado, janeiro 6

AUTO-PHOTO BIOGRAFIA (NÃO AUTORIZADA)

 A Auto-photo Biografia (não autorizada) de Mário Viegas, feita (diz a lenda) em duas semanas e publicada em 1995, um ano antes da sua morte, ressurge sob a chancela da Tradisom, quando o ator e encenador cumpriria 75 anos. Todo ele escrito pelo próprio punho de Mário Viegas, tem como complemento sonoro 4 CD´s, dois deles compostos por gravações feitas em sua casa, totalmente inéditas e ainda uma feita pelo seu pai quando ele tinha apenas 9 anos. Os outros dois CD´s revelam-nos um café-concerto realizado em Fevereiro de 1986 no espaço Rez do Chão, no Porto, durante um fim de semana, gravações igualmente inéditas. Da obra apresentada em 1995, com 4 kg de peso bruto, foram impressos uns escassos 120 exemplares, que hoje, com sorte, são encontrados a 400/500 euros. A obra reúne recortes que, na sua grande maioria, se relacionam com a génese da vocação de Viegas, recortes de jornais com textos próprios e alheios, comentados à mão, fotografias, bandas desenhadas feitas na infância, cartazes de teatro, o diário de adolescência, as encenações, os momentos-chave da carreira, críticas que lhe foram dirigidas, enfim, uma galeria biográfica que, logo na primeira página, anuncia em registo de autoparódia: “Rir! Chorar! Denúncias! Teatradas! Poesia! Amor! Ódio! Ação! Mistério! Escândalo! Surpresas! Revelações sensacionais!! Segredos político-teatrais nunca divulgados!!! Mais de 200 páginas com textos e fotografias inéditas (...).” As fases da vida do Vegas estão lá: o Teatro Experimental de Cascais, com o qual faz a estreia profissional, o Teatro Universitário do Porto (cidade para onde vai estudar História), os recitais de poesia (a sua forma de “resistência”, “sempre debaixo do olho da PIDE”), a amizade com José Afonso, a importância de Vinícius de Moraes, as quatro semanas no Japão com o “Breve Sumário da História de Deus”, de Gil Vicente, a única foto de Mário Viegas vestido de cadete (em Mafra, 1971, no turno de castigo dos agitadores da Crise Académica de 1969). E várias páginas dedicadas ao ‘seu’ 25 de Abril. O tom privado, confessional, de algumas partes, aparece para o sacudir: “O Filipe La Féria, com o desgosto de ter acabado a companhia, meteu-se em copos, drogas… E arranjou um amigo, que acabou há uns anos de morrer de overdose de heroína. Deixou-lhe uma filha à porta, que ele adotou. Foi bonito. É pena, ‘aldrabão’ como se tornou, dizer nas entrevistas que é a filha dele, armado em pai de família. Ele até diz que tirou um curso em Londres de Teatro, onde esteve a lavar pratos, o que não é vergonha nenhuma... Eu fui para a Dinamarca, meses, sozinho, a ter relações sexuais com meia Copenhaga. Apaixonei-me por um turista japonês e vivemos 3 semanas de sonho, correndo a Dinamarca de bicicleta. Foi a paixão da minha vida. Aliás, eu perdi a virgindade homossexual no Japão, em Osaca, com um lindo moço.” O livro deixa para o fim a promessa (não cumprida) de um 2º volume com a revelação de mais escândalos e ajustes de contas pessoais: “Contarei como o deputado europeu do PCP, em 1987, me roubou 700 contos. Chama-se Honório Novo e é um dos maiores ladrões do norte. (...) Contarei como é que duas lésbicas iam matando o Juvenal. (...) Contarei como ando a ser ameaçado para não revelar a enorme corrupção que há no teatro.” Encerra avisando que aquilo que não está no livro, as grandes ausências, são para ser notadas. 













AUTO-PHOTO BIOGRAFIA (NÃO AUTORIZADA)
MÁRIO VIEGAS 
(Edição de luxo em capa dura com 260 páginas e 4 CD´s.)
Livro em capa dura, de grande formato – 26 por 36 cm.
Tem 4 CD´s com gravações feitas em sua casa e num café-concerto no Porto.
85,00 €

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