Falando do romance moderno e, não admitindo o fim do género, queixava-se da falta de “uma obra-prima” a cada mês de Outubro. Como ela, havia quem tentasse.
“A indecência de Mr. Joyce em Ulysses parece-me ser a indecência consciente e calculada de um homem desesperado que sente que para respirar tem de partir as janelas.” Nos romances, como nas cartas, como nos exemplos que dava sempre que escrevia ensaios tinha como grande referência Montaigne, “o primeiro dos autores modernos”, criador de uma das maiores invenções literárias, a dos “ensaio pessoal”. Mas o essencial, para
Virginia Woolf (Adeline Virginia Stephen, 25 de Janeiro de 1882 — 28 de Março de 1941), era o escritor estabelecer contacto com o leitor colocando diante dos seus olhos algo que ele reconheça e que irá, por isso mesmo,
"estimular-lhe a imaginação e a predisposição para cooperar na fase muito mais difícil da passagem para a intimidade." “Arnold Bennett diz que o horror do casamento reside na sua “quotidianidade”. Toda a acuidade da relação é desgastada por ela. A verdade é mais esta. A vida — digamos, 4 dias em cada 7 — torna-se automática mas, ao 5.° dia, forma-se uma gota de sensação (entre marido e mulher) que é mais cheia e mais sensível por causa dos dias automáticos, rotineiros e inconscientes de ambos os lados. O que quer dizer que o ano é marcado por momentos de grande intensidade. Os “momentos de visão” de Hardy. Como pode uma relação perdurar, seja o tempo que for, a não ser nestas condições?”
VIRGINIA WOOLF, Diários, Relógio D'Água, 2018, p. 302.
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Álbum de fotos da aniversariante do dia Virginia Woolf, digitalizado e colocado “online” no “site” da Houghton Library, da Universidade de Harvard.
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