segunda-feira, outubro 3

"GOD is In The House"


Faith, Hope and Carnage, livro de entrevistas confessionais ao jornalista Seán O’Hagan, publicado este ano, terá em breve tradução portuguesa. É nele que Nick Cave fala longamente sobre a perda de um filho, a mãe e uma ex-namorada (e depois de gravadas as conversas morreu-lhe ainda outro filho). Antecâmara para uma melhor compreensão da sua poesia sacroprofana, fundamental nos seus últimos temas, naturalmente com sublinhado em "Into My Arms", uma canção celebrada como de amor, mas assumidamente religiosa. A confusão não nos faz pecar, assim como podemos imaginar que a religião em Cave só quivale à interacção com os fãs, às cartas que recebe, às respostas que lhes dá, àquilo que acontece nos concertos, mas ele vai insistindo que é mais do que isso. O luto no imaginário actual de Cave prefere à “espiritualidade” difusa uma “religiosidade” estrita, isto é, acreditar num Deus sem saber se esse Deus existe; aceitar a dúvida. O espaço da crença para um dos nossos melhores pensadores cantores em discurso directo (só não estraguem tudo apelidando-o de "cantautor" ou outro neologismo do género).

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