segunda-feira, setembro 12

Vítor Aguiar e Silva (1939-2022)


Se o prémio Camões tornou o seu nome mais conhecido fora dos meios universitários e literários, também gerou alguma polémica, com um catedrático reformado da Universidade de Coimbra, José Oliveira Barata, a lamentar que a então ministra da Cultura, Graça Fonseca, tivesse salientado o “perfil humanista” de alguém que, acusava, teria denunciado às autoridades alguns dirigentes estudantis estudantes durante a crise académica de 1969, quando Aguiar e Silva, então apoiante convicto do regime, era assistente do professor Costa Pimpão. Mas é ele o autor de uma monumental e muito reeditada Teoria da Literatura, originalmente publicada em 1967 e ainda hoje uma obra de referência, Aguiar e Silva foi também um nome central dos estudos camonianos, aos quais dedicou um vasto conjunto de obras, de Notas sobre o Cânone da Lírica Camoniana (1968), passando por títulos como o pioneiro Maneirismo e Barroco na Poesia Lírica Portuguesa (1971), O Significado do Episódio da Ilha dos Amores na Estrutura de Os Lusíadas (1972), ou o notável Camões: Labirintos e Fascínios (1994) – que lhe valeu o Prémio de Ensaio da Associação Portuguesa de Críticos Literários e o da Associação Portuguesa de Escritores –​, até A Lira Dourada e a Tuba Canora (2008) ou Jorge de Sena e Camões. Trinta Anos de Amor e Melancolia (2009). Deve-se-lhe ainda a coordenação de um fundamental Dicionário de Luís de Camões, publicado em 2011 pela Caminho, no qual conseguiu reunir os mais importantes investigadores portugueses e estrangeiros da obra camoniana.

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