quarta-feira, fevereiro 2
Monica Vitti (1931-2022)
A protagonista de A Noite, Deserto Vermelho ou O Eclipse tinha 90 anos e estava afastada da vida pública desde 2001, consequência da doença de Alzheimer. Na sua conta de Instagram, o actor, realizador e argumentista Carlo Verdone escreveu: “Monica Vitti deixa-nos e com ela perdemos uma actriz de imensa profundidade, grande carácter e personalidade forte. Num cinema todo ou quase todo masculino, ela e Anna Magnani representavam o talento feminino ao mais alto nível. Perfeita e credível tanto no drama como na comédia, deixa um legado difícil de preencher. Todas as jovens actrizes devem estudar as suas interpretações. Tirariam delas uma grande e imensa lição”. A sua metamorfose indica que sim. O fim da relação com Antonioni, artística e romântica conduzi-la numa nova direcção. Teria o seu primeiro papel internacional em A Mulher Detective, comédia inspirada nos filmes de James Bond, realizada por Joseph Losey, em que contracenou com Terence Stamp e Dirk Bogarde. O final dos anos 1960 começou a anunciar a sua segunda revelação. Em 1968, Mario Monicelli filma-a em A Rapariga da Pistola. O filme, em que a actriz interpreta uma siciliana que enfrenta os costumes da sua terra natal, foi um pequeno-grande acontecimento: afinal Monica Vitti era capaz de se metamorfosear em comediante. O que confirmou com Ettore Scola, e novamente ao lado de Marcelo Mastroianni, em Ciúme, Ciúmes e Ciumentos. Os anos 1980 começam com o reencontro com Antonioni, quando o convida para realizar para televisão O Mistério de Oberwald, algo que o realizador aceita, curioso pela novidade da rodagem em vídeo. Abandonaria a carreira cinematográfica precocemente, em 1989, deixando como despedida Scandalo Segreto (1990). Entre a angústia existencial e a ligeireza feliz do riso.
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