
Metódico no trabalho e no amor (teve um amante durante 36 anos, que conciliou com um casamento de 62 anos), o poeta morreu, em 1987, desiludido com o mundo: "Como acordar sem sofrimento? (...) Como repetir, dia após dia a fábula inconclusa/suportar a semelhança das coisas ásperas de amanhã com as coisas ásperas de hoje?". Carlos Drummond de Andrade (Itabira, 31 de Outubro de 1902 — Rio de Janeiro, 17 de Agosto de 1987), foi um dos maiores poetas da língua portuguesa.
AMOR E SEU TEMPOAmor é privilégio de madurosestendidos na mais estreita cama,que se torna a mais larga e mais relvosa,roçando, em cada poro, o céu do corpo..É isto, amor: o ganho não previsto,o prémio subterrâneo e coruscante,leitura de relâmpago cifrado,que, decifrado, nada mais existe..valendo a pena e o preço do terrestre,salvo o minuto de ouro no relógiominúsculo, vibrando no crepúsculo..Amor é o que se aprende no limite,depois de se arquivar toda a ciênciaherdada, ouvida. Amor começa tarde.
Carlos Drummond de Andrade, AMOR E SEU TEMPO, in As impurezas do branco, 1973
e Poesia Completa de Carlos Drummond de Andrade, São Paulo: Nova Aguilar, 2002.
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e Poesia Completa de Carlos Drummond de Andrade, São Paulo: Nova Aguilar, 2002.
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(dito pelo poeta)
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