Rangel não teve férias em agosto de 2001. Passou um mês a transformar 900 páginas de contributos num programa estruturado de 30 folhas, para servir um candidato que não imaginava ganhar o Porto: Rui Rio. Tinham uma boa relação, mas não chegava a ser uma amizade: o presidente da câmara ouvia-o quando precisava, considerava-lhe os conselhos e a segurança jurídica, mas ao longo de 20 anos nunca almoçaram ou jantaram sozinhos nem foram a casa do outro. Nessa época, Rangel era capaz de lhe fazer rasgados elogios públicos em estilo gongórico:
“O desígnio político de Rui Rio, enquanto discurso e enquanto exercício, vive de uma conotação revolucionária e remete para uma refundação ‘ética’ da política: um regresso da política à pureza das suas origens (ainda que origens míticas, próprias da utopia)”(Público “Rui Rio: rebelião ou revolução?", junho de 2003). Tudo isto era Rio. Até deixar de ser. A utilidade actual percebeu-a o António.
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