Deste caixilho de uma natureza-morta, a mãe, o pai, a irmã e os avós irrompem para lançar sobre Jacques epítetos inesperados: “Filho ingrato”, “vilanão”, “farrapeiro”, “filho de porco e de porta”… O dramaturgo franco-romeno, Ionesco, que assinou a peça, chamou-lhe “comédia naturalista”, mas Jacques ou a Submissão entrou na galeria do grande teatro do século XX pela porta do aclamado “teatro do absurdo”, de autores como Beckett, Genet, Pinter ou Arrabal. Ionesco sempre preferiu, no entanto, a expressão “teatro do insólito” porque se trata de um teatro que aborda temas sérios, com sentido, não desvalorizando a importância do “teatro do absurdo”, sobretudo via Samuel Beckett. Uma hora de humor e nonsense em registo burlesco e musical, não porque Ionesco o tivesse proposto, mas porque o encenador Jorge Pinto achou que seria, por estes dias, a forma mais apropriada de tratar a realidade da condição humana, como se o divertimento insólito pudesse contribuir para aliviar o desespero.
Após a estreia, em streaming, no início do mês, Jacques ou a Submissão, a “comédia naturalista” que o dramaturgo franco-romeno escreveu em 1950, pode agora ser visto no palco do Teatro Carlos Alberto, no Porto, até 2 de Maio. Jorge Pinto assina a encenação e a cenografia.
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