quinta-feira, fevereiro 9

"Na realidade, alimentamos sempre preconceitos para com toda a gente"

Apenas a 16 de Fevereiro de 1989 foi tornada pública a morte do escritor austríaco Thomas Bernhard (Heerlen, Holanda, 9 de Fevereiro de 1931 - Gmunden, Áustria, 12 de Fevereiro de 1989), por sua vontade. Deixou também determinado que as suas obras não fossem, no futuro, publicadas nem representadas dentro das fronteiras austríacas. Creio que esta passagem do seu livro Náufrago é um tratado sobre o preconceito, sempre na ordem do dia:
“Nós, em teoria, compreendemos as pessoas, mas na prática não as suportamos, pensei, na maior parte das vezes só a contragosto lidamos com elas e tratamo-las sempre de acordo com o nosso próprio ponto de vista. Não deveríamos, no entanto, considerar e tratar as pessoas apenas segundo o nosso ponto de vista, mas sim considerá-las e tratá-las segundo todos os pontos de vista, pensei, lidar com elas de uma maneira que pudéssemos dizer que lidámos com elas sem o mínimo preconceito, por assim dizer, mas isso não é possível porque, na realidade, alimentamos sempre preconceitos para com toda a gente. ”
Thomas Bernhard, O Náufrago

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