sexta-feira, dezembro 22

Há 54 anos


No dia 22 de Dezembro de 1969, uma segunda-feira, pouco depois do solstício de Inverno, morria, aos 68 anos, José Maria dos Reis Pereira, a pessoa por trás do pseudónimo de JOSÉ RÉGIO.
“Nos anos de Portalegre, e mesmo depois de reformado, em Vila do Conde, Régio polemicou constantemente com os representantes dos novos movimentos literários que o iam tendo por alvo favorito. O excesso da sua popularidade incomodava, e o labéu de "contra-revolução", colado por Eduardo Lourenço à “presença”, que é como quem diz, em primeiro lugar, a Régio, fez exultar uma sucessão interminável de jovens autores para quem a impetuosa eloquência do autor dos “Poemas” se confundia com o antimodernismo que nele presumiam. Não muito antes da sua morte, ainda foi alvo de uma barragem de fogo cerrado, vindo das mais variadas origens, a propósito de um artigo seu sobre o filme de Arthur Penn, “Bonnie and Clyde”.O último ano da sua vida, em Vila do Conde, foi, em grande parte, dedicado à redacção do livro autobiográfico com que, durante tantos anos, sonhara. Irritado e ferido pelo facto de um inquérito da revista ”O Tempo e o Modo”, sobre o problema de Deus, não o ter incluído entre os autores consultados, meteu finalmente mãos à obra de redigir a longamente adiada ”Confissão Dum Homem Religioso”, que não chegaria a terminar.Participou ainda, activamente, na campanha eleitoral para a eleição de deputados, que iria ter lugar em Outubro desse ano (1969), fiel, como sempre, ao seu ideário de social-democrata. Em 9 de Outubro, ao regressar a Vila do Conde, vindo do Porto, foi acometido de um violentíssimo enfarte do miocárdio, de que viria a falecer a 22 de Dezembro.As duas casas, de Portalegre e de Vila do Conde, recheadas com os móveis e obras de arte (pinturas, esculturas, porcelanas) que, ao longo dos anos, fora coleccionando, estão hoje transformadas em casas-museu, com o nomeado poeta, podendo ser visitadas, tanto pelo turista ocasional, como pelo estudioso interessado.”
Eugénio Lisboa, José Régio ou a Confissão Relutante, Edições Rolim, pp. 21-22.

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