Antologia de poemas em prosa de autores franceses,
seleccionados e traduzidos por Regina Guimarães, com prefácio e notas biográficas de Saguenail,
AAVV
Flop
No prefácio, que se recomenda, pois há-os que não, Saguenail lembra que o poema em prosa surgiu para fugir ao “malabarismo literário” de alguma versificação oitocentista, acolhendo outras imagens e música, "seduções de oceano", concluiria Baudelaire. Mas se foi “laboratório central” para ele, também foi para Mallarmé, Verlaine, Lautréamont, Rimbaud e outros menores ou esquecidos, consoante a sensibilidade e o "vinho" de cada um. Embriagai-vos de "peito saliente" e "pulmões distendidos" com esta antologia de poemas em prosa franceses do século XIX, celebrizada (mas não inventada) por Baudelaire, apesar de eu lhe dar o prazer de ser o primeiro a abrir a garrafa:
Um homem medonho entra e olha-se ao espelho.«Porque é que o senhor se olha ao espelho já que só com desprazer se pode lá ver?»O homem medonho responde-me: «Senhor, segundo os imortais princípios de 89, todos os homens são iguais em direitos, logo tenho o direito de me mirar. Com prazer ou desprazer, isso só à minha consciência diz respeito.»Em nome do bom senso, eu estava sem dúvida certo. Mas do ponto de vista da lei, ele não deixava de ter razão.
Charles Baudelaire, Embriagai-vos
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