"O país tem agora dois aeroportos de entrada, onde as companhias conseguem desenvolver as suas estratégias de rede, contribuindo grandemente para o crescimento da economia.
Em março de 2016, a TAP cria a ponte aérea Porto-Lisboa, acabando com 74 ligações semanais a partir do Porto, e a 1 de julho lança um voo diário Lisboa-Vigo, numa tentativa de captar a procura da Galiza. Com a criação da ligação a Vigo, a TAP deixa de ser inócua para a Região Norte, porque, a ter êxito, terá como consequência desviar do aeroporto do Porto a procura que lhe dá a massa crítica necessária para ser tão bem conectado.
Em setembro de 2018, Antonoaldo Neves, novo CEO da TAP, altera a sua abordagem de rede, apostando no Porto. A TAP começa a ganhar quota de mercado e as outras companhias começam a ter de ajustar as suas redes.
Com a covid-19, a TAP acaba praticamente com os voos no Porto. Mas, sem voos intercontinentais e com baixa taxa de ocupação nos voos europeus, a decisão racional seria um mesmo voo servir as duas regiões, tocando o Porto e seguindo para Lisboa.
Com esta sua política ioiô, a TAP não serve a Região Norte e impede o desenvolvimento de uma estratégia duradoura com qualquer outra companhia. Com a tentativa de encaminhar o tráfego da Galiza diretamente para Lisboa retira ao aeroporto do Porto a procura necessária para manter a Região Norte bem conectada.
A maior perversão do sistema é recorrer-se a 1700 milhões de euros dos impostos dos contribuintes para implementar estas decisões, valores estes que se prenunciam escalar. E a TAP anuncia para breve a criação de um voo Lisboa-Santiago, o que vai ter consequências na Região Norte, e o aeroporto de Santiago, ao contrário do de Vigo, tem condições para vir a competir com o aeroporto do Porto. A TAP está a fazer tudo para aumentar o número daqueles que acham que a sua falência é do interesse do bem comum…"
Álvaro Costa, Professor Associado da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, in Expresso.
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