"Cá estou a lutar pela última raíz que me resta. Meu pai teve uma hemorragia cerebral e vim acudir-lhe. Mas, inerte e de boca torcida, o velho parece sorrir-se ironicamente da minha aflição… Com a serenidade que posso, vou chorando por dentro e actuando por fora. Que há-de fazer um filho, senão ser fiel à cepa, e um médico senão medicar? De resto, diante dos tais relógios parados, a única saída é dar-lhe corda. Mesmo que não andem, ficam carregados da nossa energia, que nos defende da inércia escarninha deles…"
Miguel Torga, S. Martinho de Anta, 13 de Dezembro de 1953, in Diário, Vol. VII
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