quarta-feira, janeiro 22

Este auto-retrato é mesmo de Van Gogh



Foi declarado dele e o único que fez num estado psicótico, segundo um comunicado do Museu Van Gogh de Amesterdão, depois de um demorada investigação. O artista terá executado este auto-retrato meses depois do episódio de Dezembro de 1888 em que cortou a própria orelha e com base no estilo, na técnica, no material, na proveniência e na sua iconografia incomum, os investigadores chegaram agora à conclusão de que as dúvidas previamente expressas são infundadas. O auto-retrato é também a única obra que pode ser associada a uma carta que o pintor dirige ao irmão, Theo, em Setembro de 1889, aparentemente consciente de que a obra pode vir a causar-lhe estranheza: “[É] uma tentativa de quando eu estava doente”, escreve. Terá pertencido aos donos do café-estalagem de Arles onde o artista se hospedou em 1888, Joseph e Marie Ginoux. O resultado é um auto-retrato “inquietante” em que Van Gogh está ligeiramente cabisbaixo, com o corpo a afastar-se do observador e o olhar sem vida, próprio de uma pessoa psicótica ou deprimida. Uma pessoa que não queria ser mas que, no entanto, era. Um pormenor interessante: a representação da orelha que, oito meses antes, cortara. A parte de cima é quase um esboço, ao passo que a de baixo praticamente não existe. O artista te-la-á pintado, ao espelho, a partir daquilo que seria o reflexo da sua orelha direita, ainda intacta, usando depois uma espátula para raspar a tinta em toda a superfície do rosto para que pareça desprovido de vida. Resultado? Uma pintura expressiva do sofrimento, uma pintura em que, ao invés de esconder a orelha amputada com o cabelo ou um chapéu, o artista a destaca usando cores mais claras.

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