100 de Sena (5)
"Num texto de O Reino da Estupidez (1961), “Sobre a liberdade do dislate ou dos fundamentos da crítica”, Jorge de Sena fala da necessidade de aplicar aos estudos literários as noções básicas dos estudos jurídicos, nomeadamente o discernimento crítico para saber distinguir entre matéria de facto, de direito e de opinião. Neste mesmo ensaio censura o desfasamento “entre as pretensões críticas e a modéstia dos conhecimentos factuais”. Este volume é, aliás, pródigo em ensaios breves e sem aparato citacional, nos quais Sena reflecte sobre a postura do crítico e o papel do poeta (chamando a atenção para a importância da independência da crítica, a procura da verdade, e censurando o academismo supérfluo, o cinismo intelectual, etc.) e faz ainda um retrato bem-humorado da vida intelectual e do “Panorama da literatura portuguesa”: “Goza esta (...) da fama de transbordar de poetas. E, com efeito, nos manuais, o número de senhores que fizeram versos só tem par com o número, também elevado, de senhores que não fizeram nada”
Joana Meirim,
O crítico prodigioso
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