quinta-feira, maio 9

O Homem é o Homem e a sua circunstância

José Ortega y Gasset (Madrid, 9 de maio de 1883 — Madrid, 18 de outubro de 1955), considerado por muitos, o maior filósofo espanhol do Século XX, foi o principal expoente do perspectivismo e da teoria da razão vital e histórica. O objetivo da sua filosofia é encontrar o “ser fundamental” do Mundo. Para ele, todo conteúdo de consciência é, por definição, fragmentário e não serve para oferecer o significado do mundo e da existência. A sua filosofia tem sido caracterizada como uma "filosofia de vida", próxima do pragmatismo de William James e da fenomenologia de Edmund Husserl, que fundamentou tanto o seu proto-existencialismo (elaborado antes do existencialismo de Martin Heidegger) quanto seu historicismo realista. Dizia: "Se ensinares, ensina ao mesmo tempo a duvidar daquilo que estás a ensinar.". A “Filosofia” em Ortega está ligada à palavra circunstância, de onde ele retira sua famosa expressão: "eu sou eu e minha circunstância, e se eu não a salvar, não posso ser salvo".  O seu pensamento é geralmente dividido em três fases: 1) Estágio objetivista (1902-1914): influenciado pelo neo-kantismo alemão e pela fenomenologia de Husserl. Chega a afirmar a primazia das coisas (e ideias) sobre as pessoas; 2) Estágio Perspectivista (1914-1923): começa com Meditações de Quixote; 3) Estágio Raciovitalista (1924-1955): considera-se que Ortega entra no seu estágio de maturidade, com obras como "O tema de nosso tempo", "História como um sistema", "Ideias e crenças" ou "A Rebelião das Massas". Toda a sua obra foi escrita durante a primeira metade do século XX, período em que Espanha oscilava entre a monarquia, o republicanismo e a ditadura o que lhe trouxe alguns dissabores. 

"Sem desculpar nenhum de seus equívocos e erros políticos, nem deixar de observar como, por vezes, a vaidade o cegava e o levava a exagerar em seus rompantes: Ortega y Gasset é um dos grandes pensadores de nosso tempo e, precisamente no momento em que vivemos – não no que ele viveu –, suas ideias políticas têm sido amplamente confirmadas pela realidade. Lê-lo agora não é uma tarefa arqueológica, mas uma imersão em um pensamento brilhante, muito útil para examinar a problemática atual, ao mesmo tempo em que se desfruta do prazer sofisticado que produz um escritor que pensava com grande liberdade e originalidade e expressava suas ideias com a beleza e a precisão dos melhores prosadores do nosso idioma."

Mario Vargas Llosa, "O fracasso de Ortega y Gasset", El País

Sem comentários:

Enviar um comentário