segunda-feira, maio 6

Na casa de Freud nascia uma nova pessoa

Sigmund Freud, aniversariante do dia (Freiberg in Mähren, 6 de maio de 1856 – Londres, 23 de setembro de 1939), fez surgir uma nova compreensão do ser humano: um animal dotado de razão imperfeita e influenciado pelos seus desejos e sentimentos, explicando que contradição entre esses impulsos e a vida em sociedade gera, no ser humano, um tormento psíquico. Freud tinha uma visão biopsicossocial do ser humano. Factos como a descrição de pacientes curados através do diálogo por Josef Breuer e a morte do colega Ernst von Fleischl-Marxow por dose excessiva do antidepressivo da época, a cocaína, levaram-no ao abandono das técnicas de hipnose e das drogas para criar um novo método: a cura pela fala, ou seja, a psicanálise, que utilizava a interpretação de sonhos e a livre associação como vias de acesso ao inconsciente. 

Freud não teve tempo pra escrever tudo o que queria, certamente merecerá algumas das críticas que lhe fazem, em particular, por esperava provar que seu modelo, baseado em observações da classe média austríaca, fosse universalmente válido e parecer ignorar que a relação psicanalista-paciente pode provocar estados de alta sugestionabilidade, mas continua a oferecer novos caminhos. Subdividiu a consciência humana em três níveis: Consciente, Pré-Consciente e Inconsciente – o primeiro contém o material perceptível; o segundo, o material latente, mas passível de emergir à consciência com certa facilidade; e o terceiro contém o material de difícil acesso, isto é, o conteúdo mais profundo da mente, que está ligado aos instintos primitivos do homem. E falou de três entidades que formam a mente humana, ou seja, o Id, o Ego e o Superego.

Segundo Freud, o conteúdo do inconsciente é, muitas vezes, reprimido pelo Ego. Para "fintar" a repressão, as ideias inconscientes apelam aos mecanismos definidos por Freud em sua obra A Interpretação dos Sonhos, como deslocamento e condensação. Portanto, as representações de ideias inconscientes manifestam-se nos sonhos como símbolos imagéticos, tanto metafóricos quanto metonímicos. Aplicando o conceito à fala, o inconsciente consegue expelir ideias recalcadas através dos actos falhos. Freud propõe que as piadas ou as "trocas de palavras por acidente" nem sempre são inócuas. Antes, são mecanismos da fala que articulam ideias aparentes com ideias reprimidas, são meios pelos quais é possível exprimir os instintos primitivos. Diz: "É na palavra e pela palavra que o inconsciente encontra sua articulação essencial." Deste modo, Freud cria uma inter-relação entre os campos da linguística e da psicanálise, que será retomada por estudiosos posteriores, como Jacques-Marie Émile Lacan.

Aqui temos Freud, recordado pelo Freud Museum London instalado na sua casa, em Londres, onde viveu muito activamente o último ano de vida, depois de fugir, com a família, da Viena nazi. Podemos ver aqui o seu famoso sofá:

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