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Expresso, António, 12.01.18 |
A função presidencial não se avilta ou banaliza por o PR se incomodar a telefonar para a Cultura. Uma cura com afetos e selfies não diminui intelectualmente o protagonista e a dessacralização de funções nunca foi pecado. No caso do nosso PR dir-se-á, até, que ele age exatamente do modo que era possível antecipar e que essas suas características pessoais indisfarçáveis foram as determinantes para a vitória eleitoral. É também justo afirmar que ele foi, até aqui, um garante de estabilidade e fator de centramento da política.
Mas o que sempre importa são as escolhas e se somos livres para as fazer, também somos prisioneiros das consequências. Em descida nas sondagens, em total consciência, sabendo o que fazia, o nosso PR escolheu os seus programas de Cultura. E até o tempo dos seus telefonemas. Foi entrevistado por Manuel Luís Goucha, para o programa “No Monte do Manel” (TVI), telefonou em direto para o programa inaugural de Cristina Ferreira (SIC) — e não antes para lhe dar ânimo ou depois para lhe dar os parabéns — e vai poder ser visto no “Agora Nós” (RTP1), de Tânia Ribas de Oliveira e José Pedro Vasconcelos.
Nenhum "telefonema" para as políticas culturais que têm sido, em Portugal, de uma insignificância admirável como o demonstra o infecundo trabalho dos diferentes responsáveis da Cultura, que se sucedem e sucedem, e desaparecem como as ondas do mar. Se o vento soprar de uma única direção, a árvore não crescerá inclinada?
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