"Mago da insegurança, o poeta só tem satisfações adoptivas. Cinza sempre inacabada.
O poeta deve manter a balança igual entre o mundo físico da vigília e o à-vontade terrível do sonho, de modo que as linhas do conhecimento nas quais deita o corpo subtil do poema vão indistintamente dum ao outro destes estados diferentes de vida.
O poema é sempre nupcial.“
RENÉ CHAR (14 de Junho de 1907 — 19 de Fevereiro de 1988), poeta e resistente francês, em “Poemas”, aqui em tradução de António Ramos Rosa, no Árvore – Folhas de Poesia (1951) é o gigante (1, 92m) à esquerda de Camus. Ao lado de um escritor workaholic, autor de romances, ensaios, teatro e jornalismo, eis Char, um poeta mineral e profético, que raramente lia romances e foi amigo dos surrealistas e de Heidegger. Camus dizia que Char era o maior poeta francês desde Rimbaud e Apollinaire. Foi uma enorme amizade, uma fraternidade. Quando, em 1951, Camus publica O Homem Revoltado e seu ex-amigo Jean-Paul Sartre decreta contra ele o equivalente a uma fatwa intelectual, Char é dos poucos que o apoiam.
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A Correspondência 1946-1959 entre ambos, senhores editores portugueses, ainda só chegou ao castelhano. Outra fatwa?
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