sábado, setembro 24

O mais italiano dos escritores portugueses

Ao sopro do nome de “o mais italiano dos escritores portugueses”, Antonio Tabucchi (24 de Setembro de 1943, Vecchiano — 25 de Março de 2012 Lisboa), escritor e  professor de Língua e Literatura Portuguesa na Universidade de Siena, achava que a vida prestava, mas uma era pouco e da literatura tinha apenas um vã esperança: “Que influência pode ter a voz de um escritor, de um poeta, de um intelectual? É uma gota no oceano, uma agulha no palheiro. A arte e a literatura nunca modificaram muito o mundo.” Foi professor de Língua e Literatura Portuguesa na Universidade de Génova e diretor do Instituto Italiano di Cultura em Lisboa. Dedicado ao estudo da figura de Fernando Pessoa, produziu ensaios sobre este autor e traduziu obras suas. Paralelamente à sua atividade de pesquisa e crítica literária, criou uma notável obra como ficcionista, de onde se destacam Donna di Porto Pim (A Mulher de Porto Pim, 1983), Notturno Indiano (Nocturno Indiano, 1984), Piccoli Equivoci Senza Importanza (Pequenos Equívocos sem Importância, 1985) e Sostiene Pereira (Afirma Pereira, 1994). Esta última deu origem ao filme com o mesmo nome, realizado por Roberto Faenza e filmado em Portugal. Em 2001, um artigo que escreveu para o jornal fancês Le Monde e que foi traduzido pelo jornal espanhol El País (acerca da liberdade de expressão), fez com que António Tabucchi fosse galardoado com o Prémio de Liberdade de Expressão Josep Maria Llado, na Catalunha, em Espanha. Faleceu em Lisboa, a 25 de março de 2012.

"A ideia da morte. É uma das maiores desgraças que pairam sobre o mundo moderno. As pessoas que estão no poder, sobretudo, devem pensar que nunca vão morrer. É por essa razão que são tão estúpidas. A modernidade elidiu a ideia da morte. É uma omissão incrível. Deveria ensinar-se aos miúdos, na escola, da maneira mais natural, que temos de morrer. Mas a nossa sociedade escondeu totalmente a ideia da morte. Em compensação, porém, estamos cheios de cadáveres. É só abrir a televisão. Como pode funcionar bem uma sociedade em que há muitos cadáveres mas não há a ideia da morte?"

(extrato de uma entrevista do autor ao JN)

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