quarta-feira, maio 11

Misteriosamente Feliz

Joan Margarit (Sanaüja11 de maio do 1938 – 16 de fevereiro de 2021) criou uma obra poética completamente bilingue (catalão e castelhano), com aquela força de quem acredita nos efeitos da poesia sobre os leitores. Apesar da sua consagração ao mais alto nível (foram muitos os prémios) foi também um poeta “popular”, no sentido em que alguns dos seus livros de poesia, sem fazerem qualquer favor à facilidade e ao gosto massificado, tiveram uma enormíssima difusão. A sua poesia, nascida de uma interioridade emotiva e da matéria biográfica, busca a sua força nas qualidades clássicas: beleza, verdade, harmonia, rigor, exactidão. 

Como poeta bilingue, catalão e castelhano, isso valeu desconfianças dos dois lados, mas nunca quis renunciar às duas línguas e quanto à questão política independentista, o seu desprezo estava bem repartido pelos políticos pertencentes a cada um dos campos. 

Pouca importância deu a tudo o que escreveu antes dos seus 40 anos. 

Uma antologia da poesia de Joan Margarit está editada pela Fâneur/Língua Morta (uma co-edição de 2015, reeditada no ano seguinte). Intitula-se Misteriosamente Feliz e a selecção dos poemas, a tradução e o posfácio são da autoria de Miguel Filipe Mochila. Para esta edição portuguesa escreveu Joan Margarit um generoso prólogo, absolutamente aconselhável.

Na última entrevista que deu, no final de Dezembro, ao jornal El País, falando abertamente da sua morte que já se afigurava iminente (por acção de um cancro), exclamava: 
“Tanto me da (...). Pero tengo 82 anõs y estafado no me puedo sentir”. 

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