sexta-feira, novembro 5

O espelho

 

“O espelho era frequentemente usado como símbolo da vaidade feminina. Esse uso moralizador era, contudo, essencialmente hipócrita.
Pintava-se uma mulher despida por se ter prazer em olhá-la. Punha-se um espelho na sua mão e chamava-se a isso “Vaidade”, o que equivalia a condenar a mulher cujo desnudamento se havia representado para o próprio gozo.
A verdadeira função do espelho era outra: tornar a mulher conivente ao fazê-la considerar-se a si mesma como uma vista.”
John Berger (Londres, 5 de Novembro de 1926 – Paris, 2 de Janeiro de 2017), crítico de arte, romancista, pintor e escritor inglês, in Modos de Ver, tradução de Jorge Leandro Rosa, Antígona, Lisboa, 2018, pp. 65-66.


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