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Nascido a 22 de Março de 1937 em Memphis — o músico orgulhava-se de “ter vindo do mesmo sítio que os blues” —, Jon Hassell estudou na Eastman School of Music, da Universidade de Rochester (Nova Iorque), antes de se mudar para a Alemanha e entrar na Cologne Course for New Music, instituição fundada e orientada por Karlheinz Stockhausen, nome incontornável da música electro-acústica. Foi aí que conheceu Irmin Schmidt e Holger Czukay, que mais tarde viriam a formar os Can, banda pioneira do chamado krautrock. Depois de regressar aos Estados Unidos, Jon Hassell colaborou com o compositor minimalista Terry Riley e juntou-se a La Monte Young, que nos anos 1960 e 1970 liderou o Theatre of Eternal Music, grupo vanguardista de que também fazia parte John Cale, dos Velvet Underground. Hassell viria ainda a estudar com Pandit Pran Nath, mestre indiano do estilo de canto “kirana gharana”, cujo trabalho foi uma fonte de inspiração para o americano. O artista lançou o seu primeiro álbum a solo (Vernal Equinox) em 1977 e, em 1980, trabalhou com Brian Eno em Fourth World, Vol. 1: Possible Musics. “Naqueles dias da Guerra Fria, havia o primeiro mundo e o tácito segundo, que era o império soviético”, diria, anos depois do lançamento desse disco colaborativo, para contextualizar a origem do termo “fourth world music”. “Qualquer coisa à margem desses dois mundos era o ‘terceiro mundo’; por norma, era assim que se falava dos países em desenvolvimento. E esses países em desenvolvimento eram sítios em que a tradição ainda estava viva e a espiritualidade era inerente à sua produção musical. O ‘quarto mundo’ foi uma espécie de ‘3+1’.”
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