"O título, sob a forma de uma interrogação retórica, coloca a hipótese de esse silêncio (relativo, é certo) se dever a um acto consciente e deliberado. É uma hipótese cheia de boa-vontade. Que poeta, que escritor não gostaria de atribuir o pouco efeito que produz no espaço público (mesmo quando ganha um prémio importante e cheio de prestígio) a uma operação consciente de silenciamento? Mas converter o silêncio em silenciamento é muito precipitado e não tem em conta o lugar que as coisas da poesia ocupam. Seria um bom sinal que houvesse de facto silenciamento. Mas tenho a certeza que não. Lutar contra o silenciamento seria uma tarefa mobilizadora, uma batalha onde se perfilam hostes amigas e inimigas; lutar contra o silêncio é muito mais difícil, é uma luta cega."
António Guerreiro, Público
Sem comentários:
Enviar um comentário