quarta-feira, fevereiro 10

A Devida Comédia


Portugal salva-se, se a Europa se salvar” (Eduardo Lourenço)

"As democracias, e Portugal em particular, enfrentam hoje em dia problemas que me parecem insolúveis. Portugal precisa de uma barrela de alto a baixo. Mas como combinar reformismo e popularidade e ganhar eleições? O problema é geral, ou quase geral. Veja-se a França: irreformável. Raramente na Europa se engendrou uma maneira de combinar popularidade com um executivo liberal e democrático, mas forte. Grande parte da Europa tornou-se ingovernável. Desde o nal da II Grande Guerra até à crise nanceira e bancária de 2007-8, os povos têm-se tornado cada vez mais difíceis de contentar. Porém, não se vislumbra nenhum modelo político-social alternativo, nenhuma ideologia de substituição. O que a direita ou a esquerda (salvo o Chega) têm para oferecer é sempre mais do mesmo.

No que muita gente distraída não repara é na agrante coincidência entre o declínio económico e social da Europa com o afundamento da sua criatividade intelectual e imaginação política. Desaparecidos Bloom, Steiner, Strauss ou Scruton, onde estão os grandes pensadores, os grandes intelectuais do século XXI? E em Portugal, onde encontramos cabeças que nos orientem? Portugal depende de um renascimento da Europa: culturalmente, intelectualmente, economicamente. Portugal salva-se, se a Europa se salvar."

M. Fátima Bonifácio, Público

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