Carlos do Carmo “desfrisou” o fado. Como Alain Oulman, autor de tão decisivas canções para Amália Rodrigues, por outras vias, ele retirou do fado os traços alambicados para se concentrar no sentir. Esse apreço pelas canções levou-o mesmo ao gesto temerário de abordar La valse a mille temps, essa terrível, difícil e maravilhosa canção de Jacques Brel entre outras. Tal como Amália, ele também foi um intérprete único, no modo sempre aprumado, absolutamente afinado. Eu gostava muito do fadista, mas creio ter percebido que vocês só querem falar do "respeito que ele metia", do elevado grau de cidadania que mostrou, das entrevistas e das "faladuras" e tal do Carmo. O fado não merecia isso.
Sem comentários:
Enviar um comentário