segunda-feira, janeiro 25

A Devida Comédia


Décadas de política ancorada em clientelismos, tacticismos, pobreza de espírito, impreparação e, sobretudo, propaganda. Tudo isto foi o que se ofereceu à sociedade, que ontem retribuiu de forma retumbante. Percebemos? É fácil (e tático) explicar que a subida da extrema direita se deve unicamente à boçalidade, facilidade, alienação e consumismo da nossa atual sociedade. Mas ela foi alimentada e muito pelos descontentes da direita e da esquerda e da extrema esquerda (ainda não se percebeu o novo Alentejo?). Há um descontentamento inequívoco e um descrédito evidente das pessoas nas políticas de sempre e nos habituais remédios da esquerda e na direita vazia de ideologia. O voto em populistas é, em grande parte, um voto de protesto, por muito que continuem a fazer de conta que não percebem. Assobiem para o ar e digam que a culpa é de não sermos cultos e brevemente perderão esse folego e esse pio.

A instituição Educação (Escola e Universidade) está refem de burocracias, cooperativismos e teorias, não de livre pensamento e exigência. O quotidiano está desvitalizado e pobre. Todos sabermos que devemos seguir o chefe e não levantar ondas. Andamos ao sabor de modas e das conveniências e assim marcarmos a agenda política. Os nossos políticos há muito que não são líderes, como mostram os seus sucessivos ziguezagues, em todas as matérias, mas só grandes seguidores. 

O que fará Marcelo com a certeza de não ter terceiro mandato? Ajudará a mudar este panorama? Ou cumprirá o “protocolo” e mostrará mais interesse em iniciar a sua reforma dourada com um pé na cabeça da direita e outra na cabeça da esquerda, como tanto aprecia, esperando rapidamente pelas selfies que tanto o definem? (Não se preocupem, as perguntas são, naturalmente, retóricas)

Pobre país este que não percebe o que lhe aconteceu, que lamenta injustiças, que não tem culpados nem quem assuma a responsabilidade de coisa alguma e em que o combate mais importante tenha sido travado entre dois candidatos menores, respeitante a menos de um quarto do eleitorado e por um… segundo lugar.

Pobre país este que ontem viu uma esquerda derrotada, um direita incapaz de ganhar e um tipo com a medalha de bronze a levantar o saco de vento doutrinário e político em que se esconde a avisar que vem aí mais.

Minhas senhoras e meus senhores, pintem lá os lábios se quiserem, mas vão é “trabalhar”.

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