sexta-feira, janeiro 29

Manuel Resende (1948-2020) estava a fazer, na literatura, um belíssimo trabalho


Foi (é) uma espécie de segredo. Estreou-se como poeta com Natureza Morta Com Desodorizante, um volume publicado em 1983 na colecção Plural, da Imprensa Nacional/Casa da Moeda, e só voltou a publicar poesia quase uma década e meia mais tarde, em 1997, quando saiu, na &etc, o livro Em Qualquer Lugar seguido de O Pranto de Bartolomeu de las Casas. Esperou sete anos para revelar O Mundo Clamoroso, pela Angelus Novus e, finalmente, Poesia Reunida, na Cotovia, em 2018, livro recebido quase como uma revelação de um sólido e culto poeta inédito ou, pelo menos, relativamente ao qual houve uma grande distracção crítica. Nos grandes intervalos de publicação e das suas proclamações trotskistas de "revolução permanente" - as participações políticas foram marcadas e marcantes - foi-nos traduzindo, Mishima, Henry James, Lewis Carroll, Shakespeare, Katherine Mansfield, Saki, Lydia Davis, Bukowski, Dan Rhodes, Peter Sloterdijk, Kaváfis, entre outros. Estava a fazer, na literatura, um belíssimo trabalho.

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