terça-feira, julho 23

Funda Mental


Ghérasim Luca (Bucareste, Roménia, 23 de Julho de 1913 - Paris, 9 de Fevereiro de 1994).
Poeta.
Amigo de Paul Celan.

_____ Se houver um amor em geral, será desde logo preciso que eu ame aquela que não é amada e é nessa própria amada que eu me faço amar como amor e que a amada me ama como amante do amor que eu amo como amada. 
_____ Não se deve depreender daqui que o amor ama a amada mas, pelo contrário, é a amada que ama o que se ama enquanto se ama como amor de uma amada e que essa amada ama por si própria como a mesma amada e como essa própria amada.
 _____ Um amor que tivesse de amar a amada sem ser a amada seria o que não se ama. 
_____ A amada que eu amo tem de amar o que ela ama ou seja o que ela amará. 
_____ Assim, ao amar o amante ou o amar, a minha bem-amada ama o amor no seu amante, enquanto é ela própria a amada da não-amada que ama. (...)
 _____ E este próprio amor que é o amante da amada faz com que haja um não-amante magnetizado. _____ Isto não significa que a minha bem-amada ama o que ama mas, simplesmente, que ama amar não o amor amado mas sim o amor amante, o amor magnetizante, apaixonadamente magnetizado pelo seu amante apaixonadamente amado. (...)” . 

Ghérasim Luca, PARA SEMPRE AMADA, in FUNDA MENTAL (poemas escolhidos), tradução, selecção e prefácio de Luís Lima.

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