quarta-feira, fevereiro 27

A democracia dos Óscares

Eis a lista de premiados nos Oscars/2019, que só aquece ou arrefece a quem mantém uma certa distancia com o cinema até que chegue fevereiro. Ainda assim, e em tempos que cinema passou a existir entre a tradição das salas escuras e o desenvolvimento exponencial de plataformas de “streaming”, alguém teve de assistir à cerimónia conseguindo uma interessante leitura sobre "a democracia dos Óscares":
"Em tempos de muitas atribulações da identidade americana, a vitória de Green Book nos Oscars referentes à produção de 2018 envolve uma muito básica, mas nada banal, muito menos indiferente, celebração democrática: 
— o filme de Peter Farrelly nasce de uma reavaliação crítica, contra todos os maniqueísmos, das relações entre brancos e negros; 
— ao mesmo tempo, a vitória de Roma como melhor filme estrangeiro relança a pluralidade cultural como valor intrínseco de Hollywood, afinal presente em toda a sua históra de mais de um século; 
— se Roma, enquanto produto da Netflix, representa também a vitória das novas matrizes decorrentes das plataformas de streaming, Green Book refaz e relança valores enraizados em modelos clássicos de narrativa — o futuro próximo do cinema desenhar-se-á através de um ziguezague, de uma só vez material e simbólico, entre essas duas componentes."
João Lopes, via Sound + Vision.

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